A Pandemia da Covid-19 vem levantando diversas questões sobre o futuro da humanidade. Em um primeiro momento, chegou-se a temer pela própria sobrevivência da raça humana na Terra. Passados mais de sete meses do início da Pandemia, se por um lado já sabemos que o novo coronavírus não irá implicará no fim da humanidade, por outro aprendemos que muita coisa vai mudar a partir de agora e não voltará mais ao “antigo normal”. Hoje já é possível perceber que uma das principais características do “novo normal” é que, em muitos aspectos, processos, estruturas e hábitos que somente se tornariam comuns em 5 ou 10 anos, tanto em nossas vidas pessoais como profissionais, vêm se tornando realidade desde já. Home-office, aulas e sessões de treinamentos online ao vivo se valendo de uma série de novas tecnologias para promover a interação entre os participantes e docentes, vídeo-chamadas como default para reuniões de diversos graus de importância, e assim por diante. Sem falar nas mega oscilações nas Bolsas de Valores e nas cotações das moedas e commodities e suas implicações para as organizações e as pessoas em geral. E, logicamente, na possibilidade de novas pandemias, catástrofes geradas por mudanças climáticas, crises e turbilhões políticos. Para aqueles já familiarizados com a terminologia, estas características são normalmente utilizadas para definir uma Nova Era que emerge, a Era VUCA[1] – um novo mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo.
Mudanças de Era exigem mudanças de mindset. Aliás, novas “eras” surgem exatamente quando um novo mindset ou visão de mundo começa a assumir conotações práticas na vida de pessoas e organizações, proporcionando verdadeiros breakthroughs, como pontuado por Laloux em seu clássico “Reinventing Organizations”[2]. Foi assim quando a Pré-História deu lugar a Antiguidade e a visão de mundo egocêntrica começou a substituir a visão de mundo mágica como protagonista da evolução da humanidade.
No lugar de tribos (que já haviam substituído os bandos de homens das cavernas), o ser humano passava a formar cidades, com obras de engenharia ainda hoje admiradas sendo erguidas pelas civilizações que então assumiram o papel de protagonismo, como o Egito, a Pérsia e a Índia. No lugar da tradição e dos rituais tribais, o novo mindset se valia de assertividade e do poder para subjugar os mais fracos e controlar a natureza. Para isso, contava com um breakthrough revolucionário: a divisão do trabalho (vertical e horizontal), com a consequente fragmentação do trabalho artesanal e alocação da mão de obra menos qualificada (normalmente escrava) a atividades que exigiam extenuantes esforços repetitivos por suas lideranças coercivas baseadas em comando e controle. Com isso, o mundo dos empreendimentos humanos vivenciou a criação da separação formal entre chefes e subordinados.
Também foi assim quando a visão de mundo tradicional começou a assumir o protagonismo da evolução humana na época da queda do Império Romano e início da Idade Média. No lugar da assertividade na busca do sucesso e do prazer de curto prazo da visão de mundo egocêntrica, as lideranças de perfil conformista tinham foco no longo prazo e buscavam a necessária estabilidade dos processos, bem como a formalização de papéis e regras e da hierarquia em funções cada vez mais detalhadas, culminando com a estabilidade de organizações cada vez maiores, algo até então absolutamente inviável. O processo de surgimento de novas visões de mundo ou mindsets vem acelerando desde o início da aventura humana na Terra e, já em meados do século XV, começava a deixar os restritos campos da ciência, da filosofia e das artes o mindset renascentista, chegando à gestão dos empreendimentos capitalistas, como nas grandes navegações e nas primeiras grandes oficinas na Europa.
Com isso tinha início a Modernidade e a chegada ao mundo das organizações (inicialmente de forma tímida) de três grandes breakthroughs do worldview moderna: o foco em inovar, fazendo “a coisa certa” e não se conformando em “fazer certo as coisas”, o que é “pregado” pelos manuais; no accountability, a auto responsabilização das lideranças empreendedoras e do crescente staff técnico, assumindo as consequências de suas decisões e na meritocracia, flexibilizando as hierarquias de forma a promover e remunerar melhor aqueles com o melhor desempenho. Embora oficialmente a modernidade tenha terminado com a Revolução Francesa, este evento marcou não o surgimento de um outro mindset hegemônico, mas sim um vertiginoso aumento na disseminação da visão de mundo moderna na elite empreendedora, conduzindo às Revoluções Industriais.
Devemos aos historiadores que fizeram a divisão da história da humanidade no século XIX a definição do fim da Modernidade naquele momento. Entretanto, o surgimento de uma nova worldview a assumir um papel significativo fora do universo da ciência, da filosofia e das artes só veio a ocorrer a partir da segunda metade do século XX, com a chegada do mindset pós-moderno (cujas raízes haviam surgido no século XIX entre os intelectuais) aos empreendimentos humanos e às organizações. Esta nova forma de pensar e entender o mundo começava a trazer novas revoluções para a realidade das organizações. Em primeiro lugar, o conceito do empowerment ou seja, a descentralização das decisões, levando os processos decisórios mais simples “até a ponta”, ou seja, até o ponto de agregação de valor ao cliente, seja em uma operação fabril produzindo bens ou no atendimento de clientes em uma organização de serviços.
Em seguida, o conceito de organização guiada por valores, fugindo da simples busca do lucro pelo lucro e, na maioria das vezes, focando a sustentabilidade socioambiental e a diversidade. Por fim, o conceito de que as organizações deveriam não apenas buscar maximizar o valor para os seus acionistas (stockholders), mas para todos os seus interessados (stakeholders) que incluiriam fornecedores, clientes, funcionários, comunidades e governos dos locais onde a empresa vende os seus produtos e possui instalações. Por isso, eu costumo utilizar a Fundação das ONU, em 1945, como marco inicial da Pós-Modernidade.
A leitura do histórico anterior nos leva a três importantes conclusões. A primeira conclusão é que as Eras tendem a durar cada vez menos. Se a Antiguidade, sob o domínio do mindset egocêntrico, durou aproximadamente 4.500 anos (da invenção da escrita à queda do Império Romano do Ocidente), a Idade Média, sob domínio do mindset tradicional, durou menos da metade deste tempo, terminando oficialmente com a queda de Constantinopla. A nossa Modernidade revisitada (que termina apenas com a Fundação da ONU), inspirada pelo mindset Moderno, por sua vez, se estendeu por apenas um quarto do tempo de duração da Idade Média (menos de 500 anos)!
Também podemos concluir que, se a consciência humana e suas consequências para a evolução da civilização avançam em progressão geométrica, é de se esperar que a Pós-Modernidade não dure mais de um oitavo do tempo da Modernidade, ou seja, mais ou menos 65 anos. OK, se você fez a conta, irá perceber que, muito provavelmente, estamos vivenciando a tal da mudança de Era que mencionei no início desse artigo. Vivemos o início da Era VUCA (que como você já deve estar imaginando, deverá durar muito pouco tempo), que autores como Wilber e Beck & Cowan chamam de Pós-Pós-Modernidade. Mas se a denominação das visões de mundo hegemônicas coincidiu com a denominação das duas últimas grandes eras (worldviews Moderna e Pós-Moderna), a era VUCA poderia se chamar Era Integrativa, nome dado a visão de mundo Pós-Pós-moderna pelo World Values Survey (WVS)[3].
Nossa última conclusão diz respeito às características da Era Integrativa sob o ponto de vista da convivência de diferentes visões de mundo. A quantidade de visões de mundo ativas em cada uma das Eras vem aumentando rapidamente com o surgimento de formas mais complexas de pensamento e a permanência das formas de pensar menos complexas. No auge da Antiguidade tínhamos quase a totalidade dos adultos operando a partir de apenas duas visões de mundo distintas: a grande maioria das pessoas com a worldview mágica; aproximadamente 20-30% delas pensando de forma egocêntrica (em geral aquelas em posições de liderança e mais ativas nas sociedades da época); e uma pequena minoria (provavelmente menos de 1%) de filósofos e pensadores que já operavam a partir das visões de mundo tradicional (perto de 0,5%) e moderna (menos de 0,1%). No apogeu da Idade Média, já tínhamos três visões de mundo relevantes em termos quantitativos: pouco mais da metade da população com a visão egocêntrica, aproximadamente 30-40% ainda pensando de forma mágica, em torno de 10% já com a visão de mundo tradicional (detendo mais de 50% do poder) e uma minoria de filósofos e cientistas já operando com as visões moderna (menos de 1%) e até mesmo pós-moderna (menos de 0,1%). No ápice da Modernidade, no início do Século XX, já eram 4 as visões de mundo quantitativamente relevantes: 30-40% da população operando ainda de forma egocêntrica, 20-25% com a visão de mundo tradicional (detendo agora em torno de 40% do poder), em torno de 15-20% ainda operando de forma mágica e 10% operando com a visão de mundo moderna e já detendo 30-40% do poder. A esta altura a visão de mundo pós-moderna já era bastante difundida nos meios científicos, filosóficos e sociológicos em geral, mas ainda representava menos de 1% da população mundial.
Os percentuais de prevalência das diferentes visões de mundo na pós-modernidade são bem mais precisos. Na segunda metade da década de 1990, Wilber[4] e Beck & Cowan[5] apontavam a coexistência de 5 visões de mundo com percentuais relevantes da população mundial adulta: menos de 10% ainda operando de forma mágica sem qualquer poder significativo; aproximadamente 20% operando com a visão de mundo egocêntrica (detendo 5% do poder); 40% enxergando o mundo de forma tradicional e detendo 30% do poder, 30% operando com a visão de mundo moderna e detendo 40% do poder e 10% já operando a partir da visão de mundo pós-moderna, detendo em torno de 20% do poder. Naquela época, a visão de mundo integrativa já era prevalente em pouco menos de 1% da população mundial, em sua maioria cientistas e filósofos, mas também alguns líderes políticos e empresariais (por isso já detinha pouco menos de 5% do poder) e menos de 0,1% operavam a partir de uma visão de mundo ainda mais complexa, que chamarei aqui de holística. Hoje em dia estima-se que coexistam 6 visões de mundo distintas em percentuais relevantes da população mundial: mágica (5%), egocêntrica (15%, menos de 5% do poder), tradicional (35%, 30% do poder[6]), moderna (25%, 30% do poder), pós-moderna (15%, 30% do poder), integrativa (1%, 5% do poder). Portanto, nunca tantas formas diferentes de pensar tiveram de conviver ao mesmo tempo, com o agravante de que, até há alguns anos atrás, grande parte das visões de mundo diferentes acabavam não entrando em contato entre si. No mundo acelerado e interconectado de hoje, todas estas visões de mundo acabam por interagir no dia a dia nas redes sociais e nas nossas organizações globalizadas. Assim, percebe-se que grande parte do fracasso da visão de mundo pós-moderna em promover a sua bandeira de desenvolvimento sustentável dos pontos de vistas econômico, social e ecológico deve-se justamente a sua incapacidade de lidar com tanta complexidade em termos de visão de mundo. Neste ponto alguns de vocês devem estar pensando: ora, se a essência da visão pós-moderna é promover e lidar com a diversidade, como ela pode ser incapaz de lidar com as 5 visões de mundo diferentes da sua? A resposta é muito simples: é impossível lidar com algo que não se consegue ver. E a visão de mundo pós-moderna, em função da sua rejeição às hierarquias, não percebe a existência das diferentes visões de mundo ou níveis de consciência, que são hierarquias naturais, ou de crescimento.
No momento atual, ao mesmo tempo em que enfrentamos os desafios impostos pela Pandemia de Covid-19, percebemos de forma cada vez mais clara que a luta da visão de mundo pós-moderna para corrigir os efeitos colaterais da modernidade já começa a produzir os seus efeitos colaterais e, principalmente, ameaça pôr em risco grande parte dos ganhos obtidos por ela própria no que se refere à preservação do meio ambiente, igualdade racial e de gênero e direito de minorias. O fortalecimento da direita xenófoba na Europa ao longo da década de 2010, a eleição de Trump nos EUA em 2016 e de Bolsonaro no Brasil em 2018 são consequências da rigidez e intransigência da visão de mundo pós-moderna em lidar com visões de mundo diferentes das suas. Quanto mais hegemônico o pluralismo pós-moderno foi se tornando ao longo do novo milênio, mais ele foi se tornando intransigente, incapaz de aceitar visões de mundo diferentes, especialmente quando diante de situações em que os que pensam de forma diferente também têm poder, caracterizando a correção política. Com isso, seu combate às sombras da visão de mundo Moderna, quais sejam, as crises ecológicas, sociais e existenciais, não vem convertendo mentes modernas em Pós-modernas, mas fazendo uma boa parte delas retroceder ao pensamento Tradicional.
Muitos advogam que a o pluralismo pós-moderno ainda vive a sua infância. Que bastaria ao pós-modernismo endereçar suas principais sombras, quais sejam, a incapacidade de aceitar hierarquias, mesmo as naturais, e a insistência em caracterizar toda verdade como sendo totalmente construída socialmente, para que ele possa resolver as crises da modernidade sem gerar efeitos colaterais indesejados. Mas o que a maioria destes autores ignoram é que já existe uma forma de pensar baseada na aceitação de hierarquias naturais, na ambiguidade relativa às verdades que mesmo socialmente construídas podem refletir uma verdade absoluta e, principalmente, na aceitação das outras visões de mundo como igualmente válidas, dentro de uma perspectiva de evolução da humanidade: a worldview Integrativa.
Autores como Wilber[7], Beck & Cowan[8], Graves[9], Kegan[10], entre outros, afirmam que a mudança do centro de gravidade da consciência de uma pessoa de uma visão de mundo para outra é um evento extremamente marcante e depende de diversos fatores para ocorrer. Entretanto, os mesmos autores enfatizam que a passagem da worldview pós-moderna para a worldview integrativa é um evento ainda mais diferenciado e único, um verdadeiro “salto quântico”, uma vez que envolve a mudança de um nível de consciência de primeira camada (first tier em inglês) para um de segunda camada (second tier) ou Integrais. Os níveis de consciência ou visões de mundo de primeira camada (que compreendem desde o Instintivo até o Pós-Moderno, passando pelas visões de mundo Mágica, Egocêntrica, Tradicional e Moderna) são aqueles desenvolvidos pela humanidade desde os seus primórdios e estão mais diretamente relacionados com mecanismos de “sobrevivência”. Por outro lado, as visões de mundo de segunda camada ou Integrais possuem um foco em “viver”, já tendo sido documentadas as características dos níveis de consciência Integrativo e Holístico[11]. A própria capacidade de perceber as diferentes visões de mundo (sem necessitar ser apresentado conceitualmente ao tema) é uma das mudanças que ocorrem na transição do pensamento Pós-Moderno para o pensamento Integrativo. Com ela vêm a aceitação das hierarquias naturais e dos fatos da vida como eles são, o que libera grande capacidade mental para a resolução de problemas típicos do Mundo VUCA.
São muitos os autores que investigaram (e continuam investigando) os diferenciais de desempenho dos líderes que operam a partir da consciência integrativa. Kegan[12], Forman & Ross[13], Anderson & Adams[14] e Laloux[15] são apenas alguns deles, que destacam os seguintes pontos: i) Maior capacidade de resolução de problemas, especialmente os mais complexos, identificando padrões e inter-relações que dificilmente são percebidos pelas visões de mundo de primeira camada, por meio de processos de pensamento que unem análise e síntese de forma complementar; ii) Maior criatividade, obtida por meio da percepção de padrões e das visões de mundo atuantes no problema e também pela uso da intuição (principalmente a partir do nível Holístico); iii) Maior capacidade de aprendizado, podendo alcançar a maestria em uma nova competência em média na metade do tempo que levavam quando operava na visão de mundo pós-moderna; iv) Maior autoconhecimento e equilíbrio emocional, estando mais apto a enfrentar situações carregadas emocionalmente e manter sua capacidade de decidir racionalmente; v) Maior flexibilidade e abertura a mudar de opinião, contextualizando suas análises e decisões e recusando soluções do tipo “one size fits all”; vi) Maior capacidade de foco e concentração; vii) Melhor performance em funções de altíssima complexidade, como em cargos de liderança de alta gestão (C-LEVEL). Estas características vêm atraindo a atenção de gestores e executivos preocupados em terem uma atuação mais efetiva e ao mesmo tempo viverem uma vida mais completa e integral. Além disso, a totalidade das Top 10 Skills do Profissional do Futuro mostrados pelo Future of Jobs Report 2020 do World Economic Forum coincide com aquelas mencionadas acima como tendo desempenho potencializado pela predominância de visões de mundo de segunda camada. Não bastando, o mesmo relatório pela primeira vez apresenta as habilidades de liderança (e influência social) como uma destas 10 top skills, independente da pessoa exercer cargos de gestão. Com tudo isso, o desenvolvimento de uma visão de mundo integrativa e de um mindset de liderança integral deverão se tornar prioridades para todos aqueles que pretendem ter sucesso na Era Integrativa (ou Era VUCA) que emerge com a Pandemia de Covid-19, assim como para aqueles que apenas querem viver em um mundo melhor. Como disse Harari[16], “se você quer mudar o mundo, organize e lidere! Se você quer descobrir a verdade, medite!” Ser um Líder Integral implica em buscar estes dois objetivos simultaneamente, operando a partir de uma visão de mundo Integrativa ou Holística.
Venho trabalhando com uma Abordagem Integral (que entre outras coisas, leva em conta as visões de mundo envolvidas nos problemas organizacionais para propor soluções para os mesmos) para a Gestão das Organizações desde a segunda metade da Década de 2000. De 2010 para cá, passei a concentrar a maior parte dos meus esforços de pesquisa, ensino e consultoria nos processos de desenvolvimento de lideranças. Coordenei alguns programas de desenvolvimento de lideranças em grandes empresas multinacionais e pude perceber o quanto a disponibilidade do pensamento integral (ou de segunda camada) em meio a alta gestão está fortemente correlacionada com o sucesso em ambientes cada vez mais voláteis, incertos, complexos e ambíguos. A partir de 2013 tive a oportunidade de me envolver pessoalmente como líder da Pós-Graduação da FAE e em 2015 lançamos o Integral Leadership Program (ILP) pela FAE (eu e o Paulo Cruz Filho, meu sócio na Integral Works e hoje Coordenador do ILP), com o objetivo específico de desenvolver líderes com o pensamento integrativo e/ou holístico (de segunda camada) e um mindset integral. Recentemente, já durante a Pandemia de Covid-19, completei o Associate Certification Module do Integral Coaching Canada, mergulhando um pouco mais fundo nos processos de mudanças de mindset e de níveis de consciência. Ao longo de todo este tempo, pudemos identificar quais os processos mais efetivos no desenvolvimento de uma consciência integrativa, desenvolvendo o que denominamos de “O Caminho do Guerreiro Integral”.
Este caminho é composto por 7 estágios que envolvem autoconhecimento, conhecimento do outro e mudança de atitude. O primeiro estágio, denominado “Autoconsciência”, envolve principalmente o processo de “jogar luz” sobre o si próprio, por meio da realização de assessments para identificar sua visão de mundo / nível de consciência, seu perfil de personalidade e outras importantes dimensões do Ser, caracterizando o nosso processo de escolhas. Neste estágio aprende-se a prática do mindfulness, imprescindível durante as demais etapas. O segundo estágio da nossa “trilha” envolve a definição do seu Propósito, sua Visão de Liderança e o desenvolvimento de um novo padrão de escolhas conscientes para o nosso dia a dia, bem como a elaboração de um plano de ação para o seu “Ano Novo”. Este estágio é fundamental para jogar luz nas sombras da visão de mundo Tradicional e abrir caminho para os níveis de consciência mais complexos. No terceiro estágio trabalhamos o “Accountability” ou Responsabilidade Incondicional, e o desenvolvimento de uma atitude de protagonismo diante das situações, evidenciando nossa capacidade de escolha e Free Will e consolidando os aspectos saudáveis da visão de mundo Moderna. O quarto estágio foca o desenvolvimento de uma atitude de Integridade, onde trabalhamos o “Walk the Talk” (Liderança Baseada no Exemplo) e a capacidade de estabelecer compromissos impecáveis. Em seguida, no quinto estágio, abordamos o desenvolvimento de uma atitude de Humildade e a prática da comunicação autêntica. Estes dois últimos estágios ajudam a consolidar os aspectos saudáveis da visão de mundo Pós-Moderna. O sexto estágio compreende o foco em uma atitude de Veracidade, sendo imprescindível ter desenvolvido as quatro atitudes anteriores para trabalhar nesta dimensão, que envolve principalmente o desenvolvimento da capacidade de aceitação e, por conseguinte, da visão de mundo integrativa. Por fim, no último estágio trabalhamos a Maestria Emocional e nossas sombras, de forma a permitir que os elementos da visão de mundo Integrativa que tenham se desenvolvido possam estar presentes mesmo em situações emocionalmente carregadas.
Vimos trabalhando com este caminho de 7 estágios nos últimos 5 anos por meio do ILP da FAE (sem dúvida a abordagem mais profunda e transformadora), do Curso/Disciplina de Integral Leadership na Pós-Graduação da FAE e em diversos Programas In Company, para empresas de diferentes portes e setores. A partir de agora, eu e o Paulo Cruz Filho pretendemos oferecer também esta trilha de desenvolvimento por meio de uma série de “Integral Experiences” em formato online ao vivo, formando a Trilha do Guerreiro Integral, disponível no site da nossa empresa, principalmente para aqueles que ainda não tem o tempo e os recursos disponíveis para cursar o ILP. É uma forma de conseguirmos acelerar o processo de desenvolvimento de líderes com uma visão de mundo integrativa (ou de segunda camada) e um mindset integral. Se você se interessou e quer conhecer um mais sobre este novo produto, acesse www.integralworks.com.br.
[1] Acrônimo do inglês para Volatile, Uncertain, Complex, Ambiguous, cunhado pelo exército norte-americano para caracterizar o novo tipo de conflito que passava a ser enfrentado a partir da década de 1990.
[2] LALOUX, Frederic. Reinventing Organizations: A Guide to Creating Organizations Inspired by the Next Stage of Human Consciousness. Brussels: Nelson Parker, 2014.
[3] HINES, Andy. Shifting values: hope and concern for‘‘waking up’’. On the Horizon, Vol. 21; No. 3; 2013; pp. 187-196. Para mais informações acesse http://www.worldvaluessurvey.org/ .
[4] WILBER, Ken. The Eye of Spirit: An Integral Vision for a World Gone Slightly Mad. Boston: Shambala, 1997.
[5] BECK, Don Edwards; COWAN, Cristopher C. Spiral Dynamics: Mastering Values, Leadership and Change. Malden: Blackwell Publishing, 1996.
[6] Este recrudescimento do poder da visão de mundo Tradicional é uma consequência das “sombras” da visão de mundo Pós-Moderna, que ao intensificar o seu ataque à Modernidade a partir da década de 1990 acabou por provocar o retrocesso de grandes contingentes de pessoas já operando a partir da visão de mundo Moderna de volta à uma visão de mundo Tradicional, conforme veremos mais adiante.
[7] WILBER, K. Integral Psychology: Consciousness, Spirit, Psychology, Therapy. Boston: Shambhala, 2000.
[8] Op. Cit., 1996.
[9] GRAVES, C. Levels of Existence: An Open System Theory of Values. Journal of Humanistic Psychology, vol. 10, n.2 pp 131-152, 1970.
[10] KEGAN, R. The Evolving Self: Problem and Process in Human Development. Boston: Harvard University Press, 1983.
[11] Um terceiro nível de consciência ou visão de mundo de segunda camada, mais complexo que o Holístico, já foi identificado. Porém, esta nova visão de mundo ainda não tem uma denominação nos meios acadêmicos, sendo que costuma ser associada a cor CORAL.
[12] Op cit., 1983.
[13] FORMAN, J. P., ROSS, L. A. Integral Leadership: The Next Half Step. Albany: State University of New York, 2013.
[14] ANDERSON, R. J., ADAMS, W. A. Mastering Leadership: An Integral Framework for Breakthrough Performance and Extraordinary Business Results. Hoboken: Wiley, 2016.
[15] Op Cit., 2014.
[16] HARARI, Y. N. 21 Lessons for the 21st Century. New York: Spiegel & Grau / Penguim, 2018.
—–
Cordeiro. José Vicente B. M. 2020. O Caminho do Guerreiro Integral: como liderar a partir do próximo estágio da consciência humana?. Integral Works IW20002. Disponível em: https://integralworks.com.br/noticias/iw20002.